quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

CSS ( Cansei de Ser Sexy) - Move

É porque tá na hora de postar coisas random né?
Divirtam-se.

O martelo fala

"Por que tão duro? - perguntou um dia ao diamante o carvão de cozinha; não somos parentes tão próximos?"
Por que tão moles? Ó meus irmãos, assim lhes pergunto eu: não são, pois - meus irmãos?
Por que tão moles, tão dobráveis, tão molengas? Por que subsiste tanta renúncia, tanta abnegação em seu coração? Tão pouco destino em seu olhar?
E se não querem ser destinos, inexoráveis: como poderão um dia vencer comigo?
E se sua dureza não faiscar e cortar e produzir incisões: como poderão um dia criar comigo?
De fato, todos os criadores são duros. E isso lhes deve parecer ventura, colocar suas mãos em séculos como em cera mole - ventura de escrever sobre a vontade de milênios como sobre metal - mais duro que o metal, mais nobre que o metal. Somente o mais duro é o mais nobre.
Ó, meus irmãos! Apresento diante de vocês esta nova tábua: Tornem-se duros!

"Por quê,hein?"
Rê Menezes.


Musiquinha meio antiga (1997) que continua bonitinha.
Natalie Imbruglia - Torn

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Conversa de Criança.

- E aí, véio?
- Beleza, cara?
- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.
- Quer conversar sobre isso?
- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?
- Como assim?
- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?
- Nunca.
- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?
- Sabe a sua vizinha ali da casa amarela? Minha mãe diz que ela tem uma hortinha no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que sua mãe não quis dizer que seu pai deu um pulo por lá?
- Hmmmm. pode ser. Mas o que será que ele foi fazer lá? VIXE! Será que meu pai tem um caso com a vizinha?
- Como assim, véio?
- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!
- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.
- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.
- Tipo o quê?
- Ela me contou um dia desses pegou um pau e atirou em um gato.
Assim, do nada. Pura maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!
- Caramba! Mas por que ela fez isso?
- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.
- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.
- E sabe a Francisca ali da esquina?
- A Dona Chica? Sei sim.
- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.
- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.
- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe, né? Ela me contou isso na boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.
- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.
- Mas é ruim saber que o casamento deles é essa zona, né? Que meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar que eu acho que ele também leva uns chifres, sabe? Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de ‘Anjo’. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele pode passar desfilando e tal.
- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.
- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo veio me falar que a vizinha cria perereca em gaiola, cara. Vê se pode? Só tem louco nessa rua.
- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?
- Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Erro do livre-arbítrio.

Não nos resta mais hoje nenhuma espécie de compaixão com a idéia do "livre-arbítrio": sabemos muito bem do que se trata - a habilidade teológica de pior reputação que já houve para tornar a humanidade "responsável", à maneira dos teólogos, o que quer dizer : para tornar a humanidade dependente do teólogos... Vou me limitar a explicar aqui a psicologia dessa tendência de querer tornar responsável. - Em toda parte onde se procura responsabilidades, é geralmente o instinto de punir e de julgar que está em ação. Retira-se a inocência do devir quando se atribui um estado de fato, qualquer que seja, à vontade, a intenções, a atos de responsabilidade: a doutrina da vontade foi inventada, principalmente para punir, isto é, com a intenção de encontrar um culpado. Toda a antiga psicologia da vontade, deve sua existência ao fato de que seus inventores, os sacerdotes, chefes das comunidades antigas, quiseram atribuir-se o direito de infligir uma pena - ou melhor porque quiseram criar esse direito para Deus... Os homens foram considerados como "livres" para poder julgá-los e puni-los - para poder declará-los como culpados: por conseguinte, toda ação devia ser considerada como voluntária, a origem da ação como se devesse residir na consciência (pelo que a falsificação in psychologicis, por príncipio, se erigia como princípio da própria psicologia...). Hoje, que entramos na corrente contrária e nós, os imoralistas, trabalhamos com todas nossas forças para conseguir que desapareça mais uma vez do mundo a idéia de culpabilidade e de punição, bem como para limpar delas a psicologia, a história, a natureza, as instituições e as sanções sociais, não há mais, a nossos olhos, oposição mais radical que a dos teólogos que continuam, por meio da idéia do "mundo moral", a contaminar a inocênica do devir com o "pecado" e a "pena". O cristianismo é uma metafísica do carrasco.