segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Erro do livre-arbítrio.

Não nos resta mais hoje nenhuma espécie de compaixão com a idéia do "livre-arbítrio": sabemos muito bem do que se trata - a habilidade teológica de pior reputação que já houve para tornar a humanidade "responsável", à maneira dos teólogos, o que quer dizer : para tornar a humanidade dependente do teólogos... Vou me limitar a explicar aqui a psicologia dessa tendência de querer tornar responsável. - Em toda parte onde se procura responsabilidades, é geralmente o instinto de punir e de julgar que está em ação. Retira-se a inocência do devir quando se atribui um estado de fato, qualquer que seja, à vontade, a intenções, a atos de responsabilidade: a doutrina da vontade foi inventada, principalmente para punir, isto é, com a intenção de encontrar um culpado. Toda a antiga psicologia da vontade, deve sua existência ao fato de que seus inventores, os sacerdotes, chefes das comunidades antigas, quiseram atribuir-se o direito de infligir uma pena - ou melhor porque quiseram criar esse direito para Deus... Os homens foram considerados como "livres" para poder julgá-los e puni-los - para poder declará-los como culpados: por conseguinte, toda ação devia ser considerada como voluntária, a origem da ação como se devesse residir na consciência (pelo que a falsificação in psychologicis, por príncipio, se erigia como princípio da própria psicologia...). Hoje, que entramos na corrente contrária e nós, os imoralistas, trabalhamos com todas nossas forças para conseguir que desapareça mais uma vez do mundo a idéia de culpabilidade e de punição, bem como para limpar delas a psicologia, a história, a natureza, as instituições e as sanções sociais, não há mais, a nossos olhos, oposição mais radical que a dos teólogos que continuam, por meio da idéia do "mundo moral", a contaminar a inocênica do devir com o "pecado" e a "pena". O cristianismo é uma metafísica do carrasco.

Um comentário:

Renata Menezes disse...

Subversivos imoralistas, uni-vos!